2018-02-26

Um murro no estômago

Não parece tão romântico como o coração, mas é o estômago o órgão mais ligado aos sentimentos. Logo, o mais sensível. Indo além da paixão e do próprio amor (quem nunca sentiu borboletas no estômago?), sente o medo e o nojo em cada aperto e náusea. Eleva a insegurança e a preocupação a uma forte sensação física. Consegue transformar dores psíquicas em mal-estar físico. Não são apenas as borboletas que nele batem, quando lhes dão a oportunidade. Também sentimos socos que nos suspendem a respiração. Que nos surpreendem pelo impacto. Sem dúvida que pensamos com o cérebro e, no entanto, o estômago é capaz de dominá-lo e enchê-lo de dores. Às quais o cérebro poderá retribuir provocando-lhe náuseas. Ou enchendo-o até o dilatar. Ou, até mesmo, obrigando-o a digerir-se a si próprio, no meio de tanto remoer. E tanta ruminação provoca azia. É com acidez que lida com os sentimentos, talvez tentando limitar tamanha sensibilidade. Seguimos os sentimentos das entranhas como sendo os mais honestos e mais extraordinários e deixamos para a razão a banal gestão do dia-a-dia.