2012-03-31

Reflexo

Qualquer forma de comunicação revela muito do seu emissor. E uma das que mais reflectem a verdadeira imagem do seu autor será a escrita.
Não é a mais fácil de descodificar. Talvez por não ser fácil de codificar. Ao leitor exige que leia. Que se esforce. Que compreenda. Não sei qual das premissas anteriores terá caído mais em desuso. Sei que todas elas parecem ter embarcado na barca da crise. Talvez empurradas pela exiguidade do tempo, que parece ter acelerado o passo.
Quem fica para trás, agarrado a livros em papel e máquinas de escrever, ainda que electrónicas, parece condenado ao ostracismo. Condenado a ter que abraçar novas formas de comunicação, para ter receptores da respectiva mensagem.
Curiosamente, reflectindo em todas as novas oportunidades que as novas tecnologias, algumas já não tão novas assim, oferecem, chego à conclusão que a mensagem, longe de estar refinada, cada vez mais parece estar mais esvaziada.
O conteúdo, talvez ofuscado pelas luzes brilhantes dos novos canais de comunicação, parece paulatinamente ter-se evaporado. Está cada vez mais leve, menos satisfatório. Porque nem sempre é o que tem melhor aspecto o que mais nos cativa. O que mais nos satisfaz.
E tudo o que escrevemos, quer seja formalmente quer informalmente, reflecte o que somos. O que pretendemos transmitir. E tal como na comunicação presencial, é quando nos apresentamos informalmente que mais mostramos aquilo que realmente somos.