2011-08-30

Tudo o que desejo

Se, por absurdo, atingisse tudo o que desejo, que me restaria desejar? Por cada etapa vencida, novos desafios se erguem para derrotar ou serem derrotados.
Se, quando digo, vou por aqui e não vou por ali, de que dificuldades me esgueirei para cair nos braços que me prendem? Nos braços que me desviam do meu caminho.
Quando, desejando o que é melhor para outrem, poderei ter a certeza de ir ao encontro dos seus desejos? Certamente que nunca. Cabe a cada qual descortinar o seu caminho e desbravá-lo. Custe o que custar.
Por mais domesticado que algumas vezes possa parecer, o Homem é o animal mais indomável que existe neste planeta. O seu corpo pode ser dominado e domado, mas vergar o seu espírito será bem mais difícil. Mesmo quando se entrega, apenas apazigua a chama que arde no seu interior.
Como posso abrir mão do que não compreendo, libertando quem julgava estar preso? Cedendo ao meu desejo?
Como posso libertar-me do que me prende? Cerceando o meu desejo?

2011-08-21

Dois dedos não se negam

Será possível iniciar uma relação sem dar dois dedos de conversa? Definitivamente não.
E não pode ser uma conversa rude e apressada. Até poderá tornar-se rude, mas só ao aproximar-se do final. Inicialmente deve ser calma, pausada, cheia de atenção. Mas firme, sem hesitações. Cheia de interesse por ela. Muita atenção deve ser dada aos lábios e às expressões.
Só assim ela se deixará conquistar e falará abertamente. E revelará através dos seus lábios os seus desejos mais íntimos. Aqueles que não revela a qualquer um, mas guarda para mostrar apenas ao conquistador.
Conquista que, não a sendo verdadeiramente, dado não ser tomada à força, é simulada para prazer mútuo. Prazer quer do conquistador, quer da conquistada.
Sem os tais dedos de conversa iniciais, não há quem se renda às investidas do pretendente a conquistador.