2006-07-15

Balanço final

Queria ter começado a escrever logo após o frango do Ricardo, mas acabei por começar a escrever também logo após o auto-golo de Petit. Não é completamente despropositado este haraquiri à portuguesa, dada a presença de árbitros japoneses... Não é apenas sobre estes maus momentos que escrevo. Temos a mania de passar de estados de euforia a estados de depressão suicida. De tentar fazer os outros passarem de bestiais a bestas. Tudo isto como grande facilidade.
Até parece que alguns se desligaram totalmente e deixaram a bandeira pendurada. Será a conquista de um terceiro lugar tão desmotivadora?!
Fiquei tão desmotivado que coloquei este texto completamente fora de tempo...

2006-07-02

Desejo domingueiro

Como estava ocupado, não me apercebi imediatamente do efeito que estava a causar nas minhas vizinhas. Quando me comecei a aperceber, fiquei espantado com o desejo estampado no rosto de cada uma delas. Mais tarde, percebi o motivo de tamanho desejo.
Estava à janela entretido. Mexia-me, mas não para provocar desejo. Mexia-me porque precisava. Só assim poderia terminar o serviço a que me tinha proposto. Enquanto abrandava para dar descanso ao braço, comecei a sentir-me observado. Observei também. Uma vizinha observava-me de um dos prédios vizinhos. Sorria, não conseguindo esconder o desejo. Talvez nem tentasse escondê-lo. Talvez desejasse que eu me apercebesse da necessidade e me oferecesse para a satisfazer. Lá em baixo, duas amigas conversavam. Uma delas olhava de vez em quando para mim, não parando de conversar. Tentei disfarçar, mas também olhei para ela. E a troca de olhares repetiu-se várias vezes...
Confesso que não consegui descortinar mais observadoras, mas elas iam aparecendo e desaparecendo das janelas e das varandas.
Alguns homens também me observaram por breves instantes. Diria que me olhavam com algum desprezo. Felizmente nenhuma das observadoras pareceu estar acompanhado pelo marido. Não quero problemas com a vizinhança.
Vou partilhar convosco a razão, que penso ter encontrado, para tanto desejo: elas queriam que eu lhes lavasse as janelas, tal como eu lavei as minhas...

Não sou homem de uma mulher só

Se depender apenas de mim, não serei homem de uma mulher só. Sempre que puder, acompanhá-la-ei. Sempre que puder, lembrar-lhe-ei que, ainda que momentaneamente ela esteja só, eu estarei sempre com ela.
Assim gostaria de ser, mas nem sempre o sou. Ou porque a deixo esquecer, ou porque me esqueço. Não dela. Mas de lhe lembrar do que sou e quero ser.
E quando deixar de a acompanhar ou ela deixar de me deixar acompanhá-la, procurarei outra que esteja só. E deixe de estar com a minha ajuda.
O natural não é ter uma mulher só: é ter uma mulher feliz. A felicidade não se alimenta da solidão...